A Mente do Líder: 3 Competências da Mentalidade Brasileira para Cultivar em 2025.
O lado Estratégico da nossa Cultura com pitadas de Psicologia e Neurociência na prática.
O mundo é complexo demais para fórmulas prontas. Justamente quando as regras rígidas falham, o estilo brasileiro – adaptativo, relacional e otimista– revela uma vantagem competitiva que não está nos bancos das escolas de business.
Que a liderança não é sobre aspectos técnicos a gente já está careca de saber. (Que me desculpem os carecas!) Mas especialmente em 2025, para navegar neste cenário global desafiador pontuado por guerra comercial, conflitos geopolíticos e instabilidade econômica, os líderes precisarão de dose ainda maior desses nossos aspectos culturais, que embora muito criticados pelo establishment do mundo dos negócios, são grandes competências respaldadas pela Neurociência e Psicologia. Vamos a elas!
1- Fé na Gambiarra! Sobre Adaptabilidade e Neuroplasticidade
Acostumados à falta de planejamento e recursos ideais, nós desenvolvemos a capacidade de adaptação e flexibilidade em vários contextos. Enquanto culturas mais rígidas valorizam planejamento e adesão estrita a regras, os líderes brasileiros têm a capacidade de adaptação rápida, uma vantagem estratégica em cenários voláteis.
Enquanto alemão trava ao sair do script, o brasileiro refaz o plano no elevador. Chamam de "jeitinho", mas é inteligência adaptativa – aquela habilidade de transformar um apagão em reunião à luz de velas, e ainda sair com um negócio fechado.
O mundo espera um líder global padronizado: metódico, previsível, obcecado por KPIs. E o meu medo é que as escolas de negócio por aqui estejam cegamente copiando o modelo anglo-saxão à custa das nossas valiosas competências.
Não é falta de profissionalismo, é outra gramática de poder. Adaptabilidade tem a ver com Flexibilidade Mental, com Neuroplasticidade. A capacidade do cérebro de se reprogramar frente a novos contextos, fazer mais com menos, usar recursos antigos para novos usos.
O treino da Neuroplasticidade passa justamente por sair do script, por mudar a rota, por ter que ajustar o modo de fazer e até os ingredientes. Num mundo que caminha cada vez mais para as receitas rígidas (algoritmos), quem tem mais de um neurônio é rei!
2- Bora tomar um Café! Sobre Habilidade Relacional e Construção de Confiança
Nórdicos assinam acordos por e-mail. Japoneses trocam cartões de visita com cerimônia. O brasileiro convida para um cafézinho. E não é protocolo, é um verdadeiro due diligence. Por aqui, investimos tempo em construir laços porque a confiança vale mais que protocolos ou contratos. Além disso, os relacionamentos estão acima da hierarquia, são ativos intangíveis valiosíssimos.
No Brasil entende-se que contratos são assinados em papel, mas negócios são feitos no olho-no-olho. E mais do que isso, se pra fechar um grande deal a gente tiver que enfraquecer a amizade, então não vale o preço!
A Psicologia nos ensina que tendemos a confiar em quem conhecemos. O contato repetido com outra pessoa, as conversas que escapam ao profissional e invadem a vida pessoal, fomentam a construção rápida de confiança. Nesse quesito, o cafezinho é quase divã.
E tem mais! Outra grande vantagem vem de um dos principais achados da neurociência: o estresse crônico prejudica a tomada de decisões levando a reações impulsivas. A conversa do cafézinho é pausa terapêutica antes de decisões críticas para acessar o melhor seu raciocínio, evitando armadilhas emocionais.
3- Piadas, Mandingas e Jogo de Roda! Sobre Otimismo, Coletivismo e Resiliência Emocional
Enquanto em outras praias a galera entra em paralisia analítica diante de crises, aqui já estamos na terceira versão do plano B antes do café da manhã. O brasileiro consegue ser otimista sem ser ingênuo. Nossa cultura é marcada por um otimismo pragmático. Mesmo em crise, tendemos a enxergar oportunidades em oposição a abordagens cautelosas que priorizam análise exaustiva antes de agir. Ter fé é a nossa cara!
Também está no nosso DNA transformar crise em piada. Já vimos que o cérebro responde ao estresse com mecanismos de defesa que podem prejudicar a tomada de decisões. Portanto, cultivar a resiliência emocional, o “jogo de cintura mental” é ingrediente essencial no cenário que vivemos. E o riso é uma das melhores formas de aliviar o estresse e reestabelecer a capacidade de raciocínio.
Mas sinto que estamos perdendo a nossa comédia. A capacidade de rirmos das nossas mazelas, de denunciar com humor os nossos defeitos. Estamos ficando chatos e com a cara fechada porque confundimos seriedade com sisudez.
Temo também que nossos líderes estejam se isolando cada vez mais. No meu trabalho individual com executivos recebo queixas frequentes de isolamento e solidão. Mas não precisa ser assim. Não deve ser assim! Somos seres coletivos. Evoluímos em sociedade e para a sobrevivência do grupo.
A psicologia organizacional destaca a importância da inteligência coletiva. Em um mundo fragmentado, promover ambientes inclusivos, onde a diversidade de pensamento estimule soluções criativas são diferenciais em tempos de incerteza. Somente em grupo podemos enfrentar o contexto que se impõe e se transforma o tempo todo.